O Autor

Por Álvaro Perazzoli
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Autobiografia – Álvaro Perazzoli

Paródia da Capa do Livro "Abusado", de Caco Barcellos

Sou um negro com raízes brancas, natural do Brasil com descendência européia, mas latino com os pés nos Bálcãs, sangue africano e coração Palestino.

Nasci no dia 19 de abril de 1982, ano em que a Argentina invadiu as Ilhas das Malvinas, das Eleições “mais ou menos” Diretas e do lançamento do filme “Passion” de Jean-Luc Godard.  Em contrapartida é também o ano em que a banda The Jam anunciou seu fim e Elis Regina e Adoniran Barbosa deixaram este mundo.

Nasci em São Paulo, fui criado em São Paulo, vivo em São Paulo, mas não vivo São Paulo.

Filho de mãe formada em jornalismo e direito, sou um preto de uma família sem berço criado sem pai com poucos recursos na periferia paulista que decidiu mudar seu destino, ou talvez  um “pardo” que tinha tudo para ser mais um número na estatística policial.

O interesse pela comunicação surgiu quando eu era criança. Na ocasião minha avó me obrigava a ir para a igreja e minha mãe não deixava eu acompanhá-la nos estúdios de rádio e nas redações de jornal impresso.

O contato com a fotografia começou aos sete anos com o uso escondido de uma câmera Kodak Xereta, se estendeu aos 12 quando comprei uma máquina por R$ 23,00 e um Flash por R$ 5,00 em uma revista de cosméticos. Ao contrário dos adolescentes desta região, decidi ser o fotógrafo e não o assunto. O equipamento profissional veio só uma década e meia depois.

Minha primeira remuneração foi como entregador de jornal de bairro, ela foi gasta com cartuchos de vídeo game. Meses depois eles serviram para as críticas e dicas dos jogos que compuseram uma coluna que escrevia sobre games no jornal que eu entregava. Nesse período eu era obcecado por tragédias, perseguia acidentes de trânsito pelos bairros da região com a câmera da revista de cosméticos.

Na mesma época ganhei da minha mãe uma bicicleta Monareta usada. A bike me deu o poder da mobilidade e me fez descobrir que o mundo era maior que os bairros que eu entregava jornal.

A sexta série foi o período que descobri o outro lado das instituições de ensino. Por não aceitar os métodos tradicionais e por entrar em conflitos direto com o corpo docente abandonei os estudos e passei por diversas escolas até me firmar anos depois.

Grupo Anti-Racismo Alma

No 2º ano do ensino médio, junto com colegas de classe, fundamos um coletivo anti-racial chamado “Alma não tem cor”. O grupo dava palestras e propunha um debate sobre o tema entre os alunos do colegial.

Nesta época passei a encarar a bicicleta de forma profissional, iniciei diversas viagens e passei a competir no ciclismo de rua.

A descoberta da internet possibilitou o intercâmbio de idéias com pessoas de outros estados e países. Após minha expulsão da AOL (América On Line) por manifestos virtuais, juntei amigos e integrantes do grupo “Alma não tem cor” e fundamos um coletivo anarco-comunista nacional chamado “Grupo Deserdados”.

Grupo Deserdados na Manifestação Antiimperialista em 2001

Com 18 anos iniciei viagens pelo Brasil sem quase nenhum recurso financeiro. Durante o período da realização do Fórum Social Mundial e Jornadas Anarquistas em 2002 fui vítima de uma tentativa de homicídio por um grupo de separatistas em Porto Alegre.

O fato me afastou do movimento político e me dediquei a bicicleta como atleta, porém a falta de recursos financeiros e o baixo incentivo brasileiro ao esporte me fez interromper a carreira no ciclismo pouco tempo depois.

A paixão pela bike se estendeu de uma outra forma, após ter sido Bike Courier e ter tido o contato com cicloativistas dos primórdios da Bicicletada SP. Junto com amigos da região iniciamos a promoção de uma forma alternativa e autogestiva de se explorar a cidade com bicicletas, o Urban Assault e o Freeride Urbano.

Lançamento do DVD "Hey! Aí não é lugar de andar de bicicleta!"

Inicialmente o grupo chamava-se “Síndrome de Down”, em 2003 ele passou a se chamar “Urban Riders”.

No ano de 2005 iniciei o trabalho como Promotor de Vendas de Equipamentos Fotográficos na FNAC e um curso de programação no SENAC.

O novo contato com a área e o acesso a equipamentos profissionais permitiu que eu iniciasse a união de três paixões, a fotografia, a comunicação e a bicicleta. No mesmo ano lançamos um DVD e o projeto se tornou um site e comunidade. Atualmente o Urban Riders Brasil realiza eventos em diversas cidades brasileiras e é um portal com visitação expressiva e administrado por pilotos do Brasil e de diversos países.

Capa Urban Zine 11/2006

No ano seguinte decidi atuar mais ativamente na área de bicicletas como representante comercial de distribuidoras de peças e gerente comercial de uma Bike Shop.

Em 2007 me dediquei a cobertura jornalística de Ciclismo Extremo e lançamos a Urban Zine, uma revista eletrônica de abrangência nacional.

No mesmo ano, realizei em Santo André o Freeride Festival. Evento que teve a parceria da Prefeitura da região e diversas empresas do setor de bicicletas. O projeto criado em 2003 consistiu em reunir bandas ao vivo, tendas de marcas do setor e bikers de diversas modalidades em um único lugar. O evento reuniu mais de duas mil pessoas.

Capa do site Kalf

Iniciei minha graduação em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo em 2008. Época esta que adquiri meu primeiro equipamento fotográfico profissional e retomei minhas viagens pelo Brasil.

Neste mesmo período iniciei o trabalho em uma importadora de bicicletas e uma indústria nacional como consultor de mercado e comunicação, representante comercial, produtor de eventos, fotógrafo e webmaster.

Em 2010 passei a integrar a Revista Bicicleta como fotógrafo, jornalista e colunista.  Em 2011 atuei como diretor de comunicação da importadora de bicicletas e em 2012 abri mão de tudo para me aprimorar como fotógrafo e seguir meu próprio projeto, a Agência Laborazoli.  Em 2013 passei também a colaborar com a Revista Sport Life, Mitsubishi Sports e a realizar diversos trabalhos de comunicação e fotografia para empresas do segmento esportivo e de bicicletas.

Paródia do fichamento de Lula

Atualmente realizo através da Agência Laborazoli realiza consultoria de comunicação e mercado no setor esportivo e presta serviços de assessoria de imprensa, fotografia, produção de vídeos e conteúdo jornalístico.

Ainda carrego o conceito anárquico e valores libertários da minha adolescência, mas hoje a evolução espiritual e intelectual são mais importantes que o derramamento de sangue.

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